quinta-feira, 17 de março de 2011

Sempre há espaço para mais ou...



Eu ainda ensejo aquele cantinho meu num prédio de tijolinhos e flores do campo ao redor,
os banquinhos lá embaixo onde velhinhos se enamoram cobertos pelo crepúsculo.
E andar de bicicleta em Amsterdã depois colher flores e comprar morangos para a torta.
Correr e correr até sair andando pela rua de pedrinhas e sereno.
Deixar a bicicleta estacionada em frente a porta de madeira,onde o leiteiro vai passar.
A cozinha  com canecas variadas onde todos param para olhar e depois coma um biscoito de mel que está no pote em cima do balcão.
Chegar em casa cansada no finzinho da tarde depois de ter falado 'oi' pro menininho brincando de bolinha de gude lá no portão.
E tomar banho e  me hidratar com o creme de ameixa ou guaraná.
Acender a luminária e fazer o macarrão ouvindo Lisa Hannigan e Damien Rice bem baixinho,
o cabelo preso de qualquer jeito e descalça.
Comprar um monte de chocolate e balas,espalhar pela sala toda e comer tudo sozinha.
Escrever em minhas folhas com meu sentimento todo.
Comer uma torta de fruta no Café depois do trabalho com as amigas e à noite colocar o tubinho preto e dançar com os amigos até os sapatos pedirem para dormir.
Receber um elogio ou só o olhar daquele moreno desconhecido sentado esperando o ônibus passar.
Abraçar meu pai,minha mãe ao chegar para o almoço de domingo e sorrir com o Bernardo.
Ficar o sábado inteiro ouvindo um monte de bobeira sua e dela falando sobre tudo quando fazem as unhas e hidratam o cabelo.

Assistir Amélie Poulain pela milésima vez,debaixo das cobertas e comendo brigadeiro de panela,enquanto a chuva cai sem pressa pela janela,e pela milésima vez se emocionar no final.
Chorar uma noite inteira na escuridão sentada no tapete até encharcar a manga da blusa de frio de tanto lembrar e acabar sentindo saudade,bebendo aquele vinho que estava mesmo na geladeira.
Acordar de ressaca e ver uma mensagem no celular de quem nunca imaginava.
Ter finalmente conseguido ler Ilíada e Odisséia e agora poder ler novamente O Livro dos Prazeres e Os Sofrimentos do jovem Werther.
E em qualquer folga dessas pegar o carro,levar o Ipod,comprar comida e ir pra cachoeira,sem celular e nem televisão por ali.
E talvez antes de dormir,qualquer noite dessas,eu tenha a minha recaída,e te passe uma mensagem só pra dizer que hoje queria ter segurado sua mão enquanto passeava pelo parque coberto pelas folhas do outono, e tão somente por ainda sempre gostar do teu sabor agridoce.

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