sábado, 22 de novembro de 2008

anacoluto






meu itinerário,agora sujeito à mudança:inconstante humor
coberto de pensamentos emocionais

...menina do cabelo preto e saia rodada,ouça a canção que se perde dentro de seu âmago
...fiel ás analogias,anacolutos e neologismo.Quer um papel em branco?Uma frase reflexiva?
...carrega sacolas pesadas de comida e responsabilidade.Dor de cabeça e/ou satisfação?(!)
...discussões e filosofias com sua amiga-irmã...te consomem,te aliviam,te intensificam,te compreendem,te confudem...
...chore! saudade dói...saudade cura...corpo,alma...olhar mudo,'seu olhar me diz tanta coisa'...sorria!...espera e não espera.Existe no vazio.Vive com o abraço familiar...vive a eternidade de um amor...ama e é amada...é filha de seus pais...é a mulher de seu homem...
[reciprocidade]


[...]uma pausa,será?!
'continuo vivendo para todo o sempre agora.
Sou vestibulanda.'



quinta-feira, 16 de outubro de 2008

a eternidade em 5 e/ou 7 meses


"o amor se reinventa a cada dia"

parece[é] sempre o primeiro beijo
...o primeiro encontro
...a primeira conversa
...os primeiros olhares
...as primeiras palavras
...os primeiros arrepios
...os primeiros ensejos
'há muito para se descobrir ainda'
...para nos descobrirmos
'...o que conversar'
porém,já vivemos a maior de todas as nossas descobertas
...nem futuras...nem estranhas...nem previsíveis serão maiores.
o amor...o nosso amor!
sinto inexplicavelmente a ambivalência perto de você...quando penso em você.
só você consegue fazer com que eu me sinta nervosa e calma ao lado de alguém
eu amo poder te ouvir
eu amo poder falar pra ti
eu amo poder sentir sua respiração...seu perfume
eu amo poder te tocar
eu amo poder te observar
eu amo poder te amar
eu amo por precisar disso tudo
eu amo o seu amor
eu te amo!
[eu amo viver a reciprocidade com você]



quarta-feira, 15 de outubro de 2008

a flor


é como ela...
chorando cores sobre o solo uniforme
tentando respirar seu conteúdo
cantando seu movimento estático
sorrindo às espontaneidades dos passáros raros
sofrendo com a exclusividade incompreendida
comemorando a exclusividade de seu surrealismo

é como ela...
conjugando seus verbos constantemente
'quando foi,sentiu,sorriu,chorou,lembrou,pensou,nasceu'
'agora é,sente,sorri,chora,lembra,pensa,ama,vive'
'e então será,sentirá,sorrirá,chorará,lembrará,pensará,...,ficará'
'e se continuasse...'

a verossimilhança...
esperando a próxima estação sem dinamismo da essência de suas cores.


foto:Natácia Bonifácio

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Sofia e Ulisses



E agora Sofia está vivendo uma ambivalência.Isso mesmo,sou uma narradora-onisciente.
Então,essa ambivalência se relaciona com o amor.
Sofia desde muito tempo desejava passar por isso,mas não imaginava que seria agora,que seria
com ele.Não imaginava que a sua história faria parte das exceções.Exceções porque neste mundo contemporâneo não é mais comum histórias como a dela.Não a história em si,mas sim a maneira da descoberta dos sentimentos envolvidos.
Há 2 anos ela anda com os nervos à flor da pele.É vestibulanda.Sonha ingressar na universidade pública.Está meio cansada com a repetição de cursinhos pré-vestibulares.
Conheceu almas diferentes nos semestres de estresse.Uma delas,Ana.Algum tipo de telepatia quando se tratava de Maria Rita,jornalismo e História.Os 4 primeiros meses de aula passaram,mas a empolgação mútua com a cantora,o bacharelado e a matéria não,jamais.Se entendem muito bem,mesmo em cidades diferentes.Passou o carnaval e algumas atrações.Novos colegas.E a volta de intrigas indesejadas e infantis.A nova turma de Sofia não lhe rendeu tanto quanto a anterior.Será que não?Bom,as tais intrigas foram relevadas e conservou apenas as novidades produtivas.
Aula de literatura.Sofia chamou Ulisses,seu novo colega e futuro amigo,para sentar-se ao seu lado.Ele foi.Uma conversa espontânea surgia.Deus e destino eram o assuntos entre eles.Outros dias e outras conversas.Uma afinidade foi descoberta entre Sofia e Ulisses.Aliás,várias.Maria Rita,jornalismo e História reaparecem na reciprocidade de uma nova amizade na vida de Sofia.Claro,vieram contradições depois.A música sertaneja é um exemplo.O tempo foi passando e Sofia e Ulisses se deliciavam com a companhia um do outro.Um encanto nasceu ali.
Ulisses queria explicitar isso a ela.Ele sabia que tinha algo a mais além de compatibilidades exploradas quando se conhece uma nova alma.O encanto também se refere a Sofia.Porém ela não queria se precipitar.Esperar.
“Desde a primeira vez que conversamos me encantei por você,o seu olhar...nossa...”.E Ulisses se revelou a Sofia.Ela entregara parte de seu coração a ele.Nunca ouvira isso antes de um outro alguém.Agora além da conversa havia segredos e toques entre eles.
Viu?!Os outros 4 meses de Sofia lhe renderam sim.Ela conheceu nada mais,nada menos que o seu primeiro namorado.O seu primeiro e único amor.Ulisses deve ter demorado quase uma hora para pedi-la em namoro no dia 16 de maio.
2 meses depois eles iniciavam a despedida.Ulisses foi tentar a vida militar.Não!O amor não se despediu.NUNCA!Está cada vez mais forte.
Sofia gosta de ser masoquista,sente prazer com isso.Durante 1 mês ouve ‘Se e All Star’,trilha deles.As fotos pertencem ao seu cotidiano.Os recados na página virtual de Ulisses continuam sendo postados quase todos os dias.Sofia tem alguma idéia do que Ulisses está fazendo lá.Baseia-se em fatos ocorridos com fuzileiros que já passaram por isso.Conversa todos os dias com suas novas parceiras,namoradas de militares que estão com Ulisses,e que sofrem como ela,e que têm orgulho como ela.É,orgulho.Sofia acompanhou Ulisses durante sua preparação para os testes.Sabe o quanto ele lutou para está lá.E por isso antes de dormir agradece,todas as noites,por ser amada pelo melhor homem do mundo.
Hoje,16 de agosto,Sofia e Ulisses fazem 3 meses de namoro.Não estão juntos fisicamente,mas propulsionam o que sentem através de seus pensamentos.A saudade é a maior certeza de que se amam.
Exceção porque o que Sofia vive com Ulisses não é superficial como muitos,como a maioria. Sofia sempre desejou encontrar Ulisses.O menino que conversa com ela olhando fixamente em seus olhos.Que a faz se sentir importante.O menino que apresentou a ela o verdadeiro beijo apaixonado.Ela só sabia que Ulisses a esperava por algum canto do universo.Uma espera recíproca.
Sofia ama Ulisses.Ama sim.E ele sabe que ela está aqui.
Espero que tenha entendido o porquê da ambivalência.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

até logo



apenas aquele momento importava para ela
somente aquele
era como os últimos instantes vividos antes do meteoro destruir a Terra

e ela sentia todo o calor e sinceridade que os lábios dele
passavam para os seus
seus corpos se tocavam febrilmente calmos
seu coração acelerava quando ele,bem perto do ouvido,a chamava de 'minha pequena'
e ali muda,com sua mão acariciando o rosto dele,gritava sua dor por dentro até...

então...
as lágrimas cairam
fechou os olhos
deixara libertar mínima porcentagem daquela dor escondida
e ela ouvia a melodia francesa de Carla Bruni quando ele
enxugou as lágrimas que escorriam em seu rosto
quando o sentiu novamente perto[com] de você
e assim o abraçou tão forte...bem...
seu âmago vivia algo muito intenso,avassalador
nunca o sentira com uma saudade tão eloqüente

[...]
ele então fez a ela uma pergunta
[sentiam aproximadamente a intensa respiração um do outro,
enquanto os olhos estavam fechados]
'promete que nunca vai desistir de nós dois?'
ele conciliou o rosto dela com o próprio olhar que a fixou
'promete?'
e ela sem temer nada e arriscando todas as suas possibilidades respondeu
'prometo'

[...]
ele,como se nunca tivesse ouvido dela,pediu
'diz que me ama,por favor'
esperou uma pausa
sussurrou só para ele...só ele importava...o único
ela,como se fosse sua primeira declaração,disse
'eu te amo'

[...]
somente aquele momento existia
somente ele e o seu carinho
aquele encontro,aquele amor

e o pedido dela antes da despedida
'dorme aqui comigo para sempre'.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

estacionamento!?


um dia com as setas confusas,desordenadas

um emaranhado de pensamentos
disputavam espaço no cérebro

"por que é ambivalente?
por que continuam com atitudes retrógradas?
por que um 'se' tão insistente?
quando estacionará uma estabilidade?
[não gosta muito dela mesmo]
falta da filosofia
a discussão saudável[ou não]
saudade de outonos passados
..."
não conseguia distrair-se

escrever mais um capítulo para
o conto e assim um tempo de algo
mas aí as palavras do conto eram novos pensamentos nascentes
[psique carregada totalmente sem intervalos]
haverá colocações metódicas para as setas definitivamente?
[e também não quer]


quarta-feira, 25 de junho de 2008

preto ou branco?


produzir a estabilidade do instável...

o abraço caloroso
o beijo gelado
o olhar estátua
a mão dançante
o silêncio do canto
o grito das calçadas
a quimera de uma realidade gentil
a verdade da utopia nos sonhos
a irmã que se torna amiga
a amiga que se torna irmã
o sorriso feito para o outdoor
a lágrima dos risos
uma escolha...
fingir que está amando
ou amar por estar amando
escolha concretizada ou alternâncias?


domingo, 22 de junho de 2008

pausa



e sentadas nas cadeiras da sala uma vira e diz

"é...só no amor que a gente consegue sentir alegria e tristeza ao mesmo tempo"

[e nos seus extremos]
e a outra concordou
e então ficaram mudas olhando pra algum lugar

domingo, 18 de maio de 2008

espelhar


devagar,sentiu o vento deitar e esquentar-lhe os pés molhados.
ali viu a noite cair e beijar o chão como um encontro apaixonado.
sozinha,chorou esperando o consolo vindo do infinito.
um pensamento passou por ela e a fez despertar do pseudosono.
a chuva caia junto com raios desesperados.
cresceu um medo esguio e murcho que ia infiltrando pelos cômodos do apartamento.
deixou o livro escapar dos dedos e cair no chão.
o barulho ecoou pelo quarto e fez tremer.
a brisa afinou.
parou os galhos do ipê amarelo do jardim.
a menina cantava no balanço do quintal,do samba,da melodia do pôr-do-sol que transfigurava-se e dinfundia centenas de cores para criar um fantástico jeito de se deliciar com a vida.
dali, o retrato da vida dela esfumaçava-se,desaparecia e ela voltou a enxergar deitada sentindo o vento queimando seus braços numa noite fria.

Cah Morais

vestido de seda


e foi brincar de ciranda unicamente só.
e parou.
seu âmago aparentava um vestido de seda branco suavizado pela brisa matinal.
as flores no jardim irrigadas pelo orvalho da madrugada.
o lençol branco dançava no varal ao lado da janela da sala.
a sala.
a sala,também branca,totalmente.
incenso do abraço da lua.
e apenas um caderno e um lápis pretos no centro da imensidão.
seu cabelo preto se entrelaçava com a brisa.
seus pés tocando o asfalto frio.
e sua ciranda é pausada.
outras mãos.
um abraço.
uma chance.
uma canção.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Fiel


"Aos jogadores do Sport Club Corinthians Paulista,

a um dia do final deste Campeonato Brasileiro de 2007, fazemos questão de vir pessoalmente até vocês entregar esta carta. Dentro dela viajaram, por mais de mil quilômetros até aqui, toda nossa esperança e força. É dela que esperamos que saia o incentivo, a energia e a luz necessárias para salvar o Corinthians neste domingo.

Com certeza todos vocês já puderam testemunhar a devoção da torcida corintiana. Passamos o campeonato todo apoiando o time, dentro de campo (em São Paulo e fora) e nos treinos, não importa o que isso nos custasse. Fizemos esforços gigantes, passamos noites em claro viajando, gastamos mais do que podíamos, sofremos mais do que jamais imaginamos ser possível e não enfraquecemos, nem nos piores momentos desta jornada.

Mas infelizmente a Nação Corinthiana não pode entrar em campo por vocês. A luta deste domingo será de 11 contra 11, e o mais valente tem que vencer. Cada um dos jogadores corintianos que pisar no gramado do Estádio Olímpico neste domingo tem que ter consciência de que carrega, além do sagrado manto corintiano, o coração de 30 milhões de torcedores fiéis.

Nossa torcida é maior do que a população de muitas nações, maior do que muitas religiões, maior do que muitos exércitos. Somos chamados de fiéis, de loucos, de fanáticos, e somos tudo isso. Nunca faltamos a um encontro com o Corinthians e nunca faltaremos. Viajamos até aqui, mais de mil quilômetros, para mostrar uma vez mais que estamos com vocês. Assumimos o compromisso de fazer nosso papel na arquibancada. Vamos cantar, vamos vibrar e mostrar ao mundo a força do povo corintiano.

E o que pedimos em troca não é muito. Pedimos coragem, pedimos honra, pedimos gana, pedimos seu suor e seu sangue. Pedimos que o nome e a tradição do Sport Club Corinthians Paulista não sejam jogados na lama a apenas dois anos de seu centenário.Pedimos que o povo corintiano não tenha que enfrentar a humilhação e a dor de ver seu time rebaixado. Pedimos, mais que tudo, que vocês não abaixem a cabeça.

Chegou a hora da decisão.
Corinthians, lutai por nós!"

e a batalha do dia 2 de dezembro de 2007,a última,foi perdida.não queríamos acreditar no que víamos.a realidade cruel ali...diante de nós.
e a cena:30 milhões de pessoas chorando intensamente,tristemente no mesmo instante.

e entre lágrimas...o canto:

"aqui tem um bando de louco
louco por ti Corinthians
pra'queles que acham que é pouco
eu vivo por ti Corinthians
eu canto até ficar rouco
eu canto pra te empurrar
vamo,vamo meu Timão
vamo meu Timão
não pára de lutar."

momento de dor e indignação.
não será esquecido jamais.
e agora...a nova guerra.
a nova luta.
as novas canções.
as nossas canções.
a nossa união.

a nossa Fiel Nação Corintiana.

porém


e tudo é vivido com a intensidade mais exorbitante.
uma confusão...
é tudo sentimental e sofrido.
livre introspecção.
e...e agora enxerga a inevitável mudança.
um filme...pelos corredores era ela com a galera dos novos tempos.
um coração apertado.
o coração dividido.
lembra..."me parece que você não gosta de fazer aniversário,de ganhar os parabéns.eu acho que te entendo.os anos passando e aí você percebe 'nossa,nada será como antes.eu sei que conhecerei outras pessoas.serei um adulto com responsabilidades reais.minha adolescência acabou.'também sinto isso."
o retorno..."queria tanto te dar um abraço hoje"
um só plenamente significante.
não pode excluí-lo da sua vida,mesmo que involuntariamente.não quer.
mas sente tanta dor com esses 'agoras'.
então,por que ainda refletir?
e...e por que não uma conciliação?

mesmo na casa,no livro,nos passeios,no beijo,no jogo,na reunião,na festa,no abraço,no dinheiro,na lua,no sol...há o intenso exorbitante...intrigante.

e a divisão[?]
porque...é um mesmo amor.
é o seu amor.

[o meu anacoluto]

terça-feira, 6 de maio de 2008

de mãos dadas


esta saudade está exilando a nossa convivência,
mas é apenas física
pois nossas mentes e corações estão autenticamente sempre juntos
[hum...ou será que não?]
o mais forte é que estamos claramente conceituados por trocas
e consertos de nossas introspecções.
esse nosso segredo às vezes os fazem pensar que estamos com alguma psicose.
Isso é bom!
assim propulsionamos nossa paixão aos nossos encontros e despedidas
resumindo à confiança
que é a nossa proveniência,e assim...
estamos simplesmente juntos!

melancolia


são tantas poesias para estes versos anti-ânimo
a esperança massacrada
[morto o otimismo]
saudade doentil imortal
desespero em silêncio
sorriso de fachada
[a pedra cinza sobre a flor]

quarta-feira, 23 de abril de 2008

observação II (relógio)


e ela acordou disposta a explicitar sua vontade de se socializar.Agora,além das estrelas e das músicas,com mentes concretamente humanas.

A cama era um emaranhado de tecidos macios e coloridos.Ela vestia uma camiseta preta com a letra de 'Hand in my pocket' estampada.Espreguiçou-se ali mesmo.Pegou o despertador em cima do criado-mudo.Era 8:30 hs.Um sorriso sutil nasceu em seu rosto.Levantou-se rapidamente.Demora uma hora e meia no banheiro e mais 15 minutos para se vestir.Uma saia longa preta.Uma regata vermelha.Um casaco azul marinho.Coturno preto.Fez uma trança lateral no cabelo e colocou um gorro vermelho.Na sala cumprimentou Bona e ligou o som.Tocava 'Recado' de Maria Rita.E ela,como uma adolescente no show de seu maior ídolo,fechou os olhos e acompanhou Maria numa voracidade invejável.Suas mãos dançavam pelo ar.Então,a música acaba e ela desliga o aparelho.Enrola o cachecol no pescoço e sai sem comer nada.

A aura lá fora congelava seu rosto.Por um instante os olhos se tornavam orientais.A rua estava deserta.Era domingo.Não queria sentir novamente o vazio que sentira no dia anterior.Havia chorado muito.

Escreveu numa folha de papel reciclado que estava sobre a mesa de centro da sala

"E por um instante você se sente um nada.Parece que tudo ao seu redor se torna fortemente alheio.É como se você se tomasse uma anestesia total e as coisas começassem a ficar embaciadas.E você...você fica paralisada.Um choque em silêncio.A perdição consome o pensamento.E ele constrói reticências.Estas,naquele momento, já procedem as interrogações.Meio precipitado isso,mas é o fato.Pedras pelo caminho são ignoradas.São como fantasmas.E você então...anda e anda sem rumo.E espera o que substituirá as reticências."

Largou o texto e o lápis e foi dormir.

E agora caminha com intenções concretas.Sem pressa física.Anseio psicológico.Ela sentiu um alívio,pois isso era algo espontâneo.Colocou as mãos nos bolsos do casaco.Esqueceu as luvas.Então avistou no céu azul-alaranjado balões de gás hélio coloridos.Ouvia gritos calorosos vindos da direção dos balões.Ela sorria calmamente.Os passos diminuiam a velocidade.Os braços balançavam 135º lateral ao corpo.Ela chegou ao parque.E os braços pararam.Debruçou-se numa grade mediana ao corpo.Observava profundamente duas crianças no balanço em gargalhadas.Empurradas,provavelmente,pelo pai.Ela pensou 'alegria natural'.E dispersou-se com os balões de gás hélio.Mais ainda com a atmosfera multicolor.De repente seu coração acelera.Desejo de uma alma alheia estacionar-se ao seu lado.E espera.E espera.E espera.Exatas 3hs e 12 minutos de espera.Aí ela ouve 'tem relógio?' Ela se vira e com uma expressão de ansiedade responde 'não'.Um homem ali.Ela observou-o detalhadamente em 2 segundos e ofereceu-lhe um singelo sorriso.Ele a agradeceu com um sorriso recíproco e saiu.Ela imaginou 'deve ter entre 20 e 22 anos ou,posso estar enganada'.Ele vestia um jeans escuro com botas marrons.Uma blusa branca e um casaco preto.Um olhar forte.Traços faciais suavemente intrigantes.O cabelo propositalmente desregulado.Ah,e ela também percebeu o brinco de coco na orelha direita.Depois de toda a definição ocular,ela sentiu um friozinho no estômago.Estranhou-se.Ela deu um passo em direção a ele e pediu para esperar.Ele,com as mãos nos bolsos do casaco,virou-se com uma expressão tão pacífica.Aproximou-se dela.E esta,sem temer nada,pergunta 'será que eu posso me apaixonar por você?'.E ela penetra o seu olhar no dele.E,de novo,uma espera.Como aquela dos substitutos das reticências.Talvez sim.Ele não se espanta com a interrogação como ela supunha.Mas,não é indiferente.O jovem demonstrou-se discretamente encantado e também interrogou-a 'e você quer se apaixonar por mim?'.

sábado, 22 de março de 2008

observação [bilhete]


e ela chegou com a ponta do nariz vermelha de frio.Abaixou-se e pegou um bilhete que haviam colocado por baixo da porta.Uma expressão de indiferença,mas seus olhos brilharam.Tirou o gorro.E o casaco.Colocou a bolsa,a pasta e o bilhete sobre a mesa de centro da sala.Cumprimentou Bona,sua gata e fiel companheira,com um carinho sobre os pêlos.Ligou o som.Tocava um suave jazz moderno,Norah.E a caminho da cozinha parou e,meio desequilibrada,tirou as botas deixando-as ali mesmo.E seguiu à cozinha.Colocou água para esquentar.Abriu o armário e pegou um saquinho de chá e uma xícara.Encostou na pia e se alimentava com a música de olhos fechados.A água já fervia.Colocou um pouco na xícara.Bebia o chá sentada no banquinho ao lado do balcão de mosaico.Uma mão segurava a caneca e a outra passava pelos desenhos do balcão.O relógio na parede marcava 20:00 hs.Ela levantou.Deixara a metade da bebida ali.Acariciou Bona novamente,enquanto se encaminhava ao quarto.Deitou de braços abertos na cama.Olhava para a constelação de adesivo no teto.Fechou os olhos e ouvia a música chorando por dentro.Imediatamente levantou e tirou toda a roupa.Entrou no banheiro e se viu no espelho.Passou a mão na testa.Não gostou do óleo que saira dali.Abriu a torneira da banheira.Jogou uma essência de flores do campo na água.Foi até à sala e aumentou o som.Voltou e foi se deliciar na espuma que formara na banheira.Ficou ali por 40 minutos.Parecia mais confortável consigo mesma.Enchugava-se com uma toalha felpuda vermelha,enquanto a banheira esvaziava.Passou desodorante.Um creme hidratante por todo o corpo também.Arrumou o cabelo apenas com um pouco de água.Abriu o guarda-roupa.Pegou uma calcinha de algodão preta.Uma regata preta.Uma blusa de tricô azul.Um jeans escuro.Vestiu-os.Sentou na cama e pôs uma meia branca.Passou seu eterno perfume.Foi à sala.Pegou as botas ali jogadas e calçou-as.Colocou o gorro vermelho que estava sobre o sofá.E ali ficou sentada.Bona subiu no seu colo.Ela acariciava a gata olhando para o relógio que se encontrava sobre a estante em sua frente.Levantou-se.Vestiu o casaco que estava na mesa de centro.Leu o recado novamente.O relógio marcava 21:30 hs.Voltou o bilhete para o mesmo lugar.A expressão de indiferença continuara,mas o brilho dos olhos se transformara em uma lágrima.Esta que é enxugada rapidamente.Olha as horas novamente.Abre a porta.Vira para trás e ouve a música cantando "Me encontre lá fora,abaixo do chão.Te encontro no seu caminho.Vou estar com você um dia,um dia."Dá um sorriso sutil e sente o vento gelado bater em seu rosto.Sai.Deixa a porta aberta.A neve cai.E ela vai tomar sorvete.

sábado, 26 de janeiro de 2008

introspecção


agonia tão grande
mas sem desespero
dúvida tão agoniante
mas sem precipitações
uma tristeza tão pequena
mas sem ser esquecida
uma saudade tão sentida
mas sem ser matada por definitiva
uma alegria tão boa
mas com interferências.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

instabilidade desejada


e está tudo tão,incrivelmente, inevitável
às vezes pareço precipitada por querer
às vezes pareço uma pedra em observação por querer
e agora o plural não é o protagonista exlusivo
ele divide o palco com o meu bem
integridade sentimental explícita está rara
mas a utopia nunca será castigada em definitivo
[eu amo ela]
eu só quero e preciso me viver bem!

sábado, 19 de janeiro de 2008

uma noite


estavam intensamente juntos
pelo meio da rua andavam calorosamente calmos
um casal aqui
um trio ali
pareciam perdidamente donos do universo
observavam as estrelas
discutiam uma constelação
'será um terço ou um leãozinho?'
os dedos de um casal se entrelaçavam
a conversa variava
um rumo destinado parecendo sem destino
sem pressa
sem pecado
com vontade
alguma vontade existia sim
se sentiam
se entendiam
se amavam
se ironizavam
e só estavam sendo amigos!

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

dela pra mim


Uma amizade que não se explica.
Podemos ficar dias sem se ver mas sempre estamos tão próximas que nem parece que nos afastamos.
Nossos assuntos nunca terminam mas nem por isso deixam de ser sempre regados a tudo de bom.
A simplicidade das cores e a beleza da lua sempre estão presentes quando estamos juntas.
Conhecer-te e descobrir nossa amizade foi uma das melhores coisas que me aconteceu nesses últimos tempos.
Um jazz, uma lua e um sorriso;
Assim definiria meu afeto por você.


te amo amiga.


Larissa Chitolina

sábado, 12 de janeiro de 2008

exceção


eu tenho o direito de experimentar
eu tenho o direito de encarnar meus sentimentos
eu tenho o direito de fazer perguntas
eu tenho o direito de não ter respostas
eu tenho o direito de ter um lápis
eu tenho o direito de gritar meu silêncio
eu tenho o direito de pedir desculpas
eu tenho o direito de beber o suco podre
eu tenho o direito de receber um abraço
eu tenho o direito de ter um diário de infância cômico
eu tenho o direito de ser amiga do meu amigo
eu tenho o direito de sentar no tapete do luau
eu tenho o direito de massacrar meu cabelo na festa
de Dj e sky laser
eu tenho o direito de ser examinada
eu tenho o direito de ficar no canto
eu tenho o direito de delirar a entrega de Maria nos palcos
eu tenho o direito de sofrer ouvindo 'trago de ilusão'
dos meninos de Silvânia
eu tenho o direito de ter fé
eu tenho o direito de usar camisinha
eu tenho o direito de ser uma boa filha
eu tenho o direito de não querer ter filhos
eu tenho o direito de ter amigos virtuais
eu tenho o direito de elogiar a pública
eu tenho o direito de pagar a particular,caso eu passe
eu tenho o direito de sair quando sei para onde ir
eu tenho o direito de investir no que me interessa
eu tenho o direito de errar quando o investimento não for bom
eu tenho o direito de ser uma torcedora Fiel praticante
eu tenho o direito de ser desejada
eu tenho o direito de querer o oposto
eu tenho o direito de ser instável
eu tenho o direito de assistir televisão
eu tenho o direito de ter segredos com a lua
eu tenho o direito de apaixonar por um idiota
eu tenho o direito de tentar esquecê-lo
eu tenho o direito de esquecer essa tentativa
eu tenho o direito de ter um cotidiano regrado
eu tenho o direito de descobrir novidades
eu tenho o direito de ter um espelho contraditório
eu tenho o direito de perder o que nunca ganhei
eu tenho o direito de chorar pelo desequilíbrio da situação
eu tenho o direito de não me agradar com a estabilidade
eu tenho o direito de gostar dos meus vizinhos,sejam de bairro,
cidade ou país
eu tenho o direito de ser amada
eu tenho o direito de usar clichês
eu tenho o direito de odiar a política
eu tenho o direito de ser uma política
eu tenho o direito de não ser rotulada
eu tenho o direito de ser eu
eu tenho o dever de votar nas eleições

foto:Cah Morais

exclusiva


quando a ouço lembro de mim
das histórias que minha introspecção vive
apenas de mim,mesmo que tudo aqui dentro
esteja envolvido com sentimentos alheios
é como um fio ao receber um nó
se há momentos que me esqueço?
seria mais fácil perguntar se há momentos
que me lembro
há...quando a ouço
o "me esquecer" é raridade
já que para esquecer é preciso lembrar antes
mas respondendo a primeira pergunta
claro!após ouvi-la e me lembrar
e então o nó é desfeito

foto:Joice Caixeta

momento


(...)
e as pálpebras lhe ofereceram um escuro concreto
até que...
as coisas estavam transparecendo-se
[será que a consideram piegas?]
a percepção de um negativo entendimento de seus
sentimentos se torna explícita
[seu senso concretiza que menoscabam seu âmago]
ensejos utópicos para a flor alimentar um novo universo
[tornaria uma exímia aveludada que,de fato,está embaciada]
lágrima,lágrima,lágrima
[insípidas]
interrupção:a luz de São Jorge ou a do coelhinho dos amantes
"autentifique sua razão!"
paliou sua introspecção
[como uma pseudo-indolência]

CANSEI DE SER IDIOTA!

já!


agora resolvi cuidar de mim

arriscar minhas proezas e meus podres.

para sempre

e aí ele olhou para mim,
e deu-me aquele sorriso docemente envolvente,
e me abraçou calmamente,
e completou com um novo antigo beijo no rosto,
e sorrindo novamente respondeu-me
"melhor impossível!"
e em menos de 30 segundos
foi meu amigo como antes

reveillon


e fomos caminhando lentamente
como antigamente
como agora
e o meio da rua
e as estrelas
e os comentários
e a pausa
e o abraço