domingo, 18 de maio de 2008

espelhar


devagar,sentiu o vento deitar e esquentar-lhe os pés molhados.
ali viu a noite cair e beijar o chão como um encontro apaixonado.
sozinha,chorou esperando o consolo vindo do infinito.
um pensamento passou por ela e a fez despertar do pseudosono.
a chuva caia junto com raios desesperados.
cresceu um medo esguio e murcho que ia infiltrando pelos cômodos do apartamento.
deixou o livro escapar dos dedos e cair no chão.
o barulho ecoou pelo quarto e fez tremer.
a brisa afinou.
parou os galhos do ipê amarelo do jardim.
a menina cantava no balanço do quintal,do samba,da melodia do pôr-do-sol que transfigurava-se e dinfundia centenas de cores para criar um fantástico jeito de se deliciar com a vida.
dali, o retrato da vida dela esfumaçava-se,desaparecia e ela voltou a enxergar deitada sentindo o vento queimando seus braços numa noite fria.

Cah Morais

vestido de seda


e foi brincar de ciranda unicamente só.
e parou.
seu âmago aparentava um vestido de seda branco suavizado pela brisa matinal.
as flores no jardim irrigadas pelo orvalho da madrugada.
o lençol branco dançava no varal ao lado da janela da sala.
a sala.
a sala,também branca,totalmente.
incenso do abraço da lua.
e apenas um caderno e um lápis pretos no centro da imensidão.
seu cabelo preto se entrelaçava com a brisa.
seus pés tocando o asfalto frio.
e sua ciranda é pausada.
outras mãos.
um abraço.
uma chance.
uma canção.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Fiel


"Aos jogadores do Sport Club Corinthians Paulista,

a um dia do final deste Campeonato Brasileiro de 2007, fazemos questão de vir pessoalmente até vocês entregar esta carta. Dentro dela viajaram, por mais de mil quilômetros até aqui, toda nossa esperança e força. É dela que esperamos que saia o incentivo, a energia e a luz necessárias para salvar o Corinthians neste domingo.

Com certeza todos vocês já puderam testemunhar a devoção da torcida corintiana. Passamos o campeonato todo apoiando o time, dentro de campo (em São Paulo e fora) e nos treinos, não importa o que isso nos custasse. Fizemos esforços gigantes, passamos noites em claro viajando, gastamos mais do que podíamos, sofremos mais do que jamais imaginamos ser possível e não enfraquecemos, nem nos piores momentos desta jornada.

Mas infelizmente a Nação Corinthiana não pode entrar em campo por vocês. A luta deste domingo será de 11 contra 11, e o mais valente tem que vencer. Cada um dos jogadores corintianos que pisar no gramado do Estádio Olímpico neste domingo tem que ter consciência de que carrega, além do sagrado manto corintiano, o coração de 30 milhões de torcedores fiéis.

Nossa torcida é maior do que a população de muitas nações, maior do que muitas religiões, maior do que muitos exércitos. Somos chamados de fiéis, de loucos, de fanáticos, e somos tudo isso. Nunca faltamos a um encontro com o Corinthians e nunca faltaremos. Viajamos até aqui, mais de mil quilômetros, para mostrar uma vez mais que estamos com vocês. Assumimos o compromisso de fazer nosso papel na arquibancada. Vamos cantar, vamos vibrar e mostrar ao mundo a força do povo corintiano.

E o que pedimos em troca não é muito. Pedimos coragem, pedimos honra, pedimos gana, pedimos seu suor e seu sangue. Pedimos que o nome e a tradição do Sport Club Corinthians Paulista não sejam jogados na lama a apenas dois anos de seu centenário.Pedimos que o povo corintiano não tenha que enfrentar a humilhação e a dor de ver seu time rebaixado. Pedimos, mais que tudo, que vocês não abaixem a cabeça.

Chegou a hora da decisão.
Corinthians, lutai por nós!"

e a batalha do dia 2 de dezembro de 2007,a última,foi perdida.não queríamos acreditar no que víamos.a realidade cruel ali...diante de nós.
e a cena:30 milhões de pessoas chorando intensamente,tristemente no mesmo instante.

e entre lágrimas...o canto:

"aqui tem um bando de louco
louco por ti Corinthians
pra'queles que acham que é pouco
eu vivo por ti Corinthians
eu canto até ficar rouco
eu canto pra te empurrar
vamo,vamo meu Timão
vamo meu Timão
não pára de lutar."

momento de dor e indignação.
não será esquecido jamais.
e agora...a nova guerra.
a nova luta.
as novas canções.
as nossas canções.
a nossa união.

a nossa Fiel Nação Corintiana.

porém


e tudo é vivido com a intensidade mais exorbitante.
uma confusão...
é tudo sentimental e sofrido.
livre introspecção.
e...e agora enxerga a inevitável mudança.
um filme...pelos corredores era ela com a galera dos novos tempos.
um coração apertado.
o coração dividido.
lembra..."me parece que você não gosta de fazer aniversário,de ganhar os parabéns.eu acho que te entendo.os anos passando e aí você percebe 'nossa,nada será como antes.eu sei que conhecerei outras pessoas.serei um adulto com responsabilidades reais.minha adolescência acabou.'também sinto isso."
o retorno..."queria tanto te dar um abraço hoje"
um só plenamente significante.
não pode excluí-lo da sua vida,mesmo que involuntariamente.não quer.
mas sente tanta dor com esses 'agoras'.
então,por que ainda refletir?
e...e por que não uma conciliação?

mesmo na casa,no livro,nos passeios,no beijo,no jogo,na reunião,na festa,no abraço,no dinheiro,na lua,no sol...há o intenso exorbitante...intrigante.

e a divisão[?]
porque...é um mesmo amor.
é o seu amor.

[o meu anacoluto]

terça-feira, 6 de maio de 2008

de mãos dadas


esta saudade está exilando a nossa convivência,
mas é apenas física
pois nossas mentes e corações estão autenticamente sempre juntos
[hum...ou será que não?]
o mais forte é que estamos claramente conceituados por trocas
e consertos de nossas introspecções.
esse nosso segredo às vezes os fazem pensar que estamos com alguma psicose.
Isso é bom!
assim propulsionamos nossa paixão aos nossos encontros e despedidas
resumindo à confiança
que é a nossa proveniência,e assim...
estamos simplesmente juntos!

melancolia


são tantas poesias para estes versos anti-ânimo
a esperança massacrada
[morto o otimismo]
saudade doentil imortal
desespero em silêncio
sorriso de fachada
[a pedra cinza sobre a flor]